Caminho (PR)

O Trilho de Guardizela é um percurso pedestre circular com cerca de 11,9 km, que tem início e fim na ermida de Santa Luzia, local de romaria e símbolo de devoção, especialmente ligado à visão – literal e metaforicamente. O nome “Luzia”, que significa “luz”, antecipa o espírito do trilho: uma travessia iluminada pela memória, pela paisagem e pela relação entre o ser humano e o mundo natural.O percurso inicia-se junto ao Centro de Apoio à Juventude e dirige-se ao fontanário da Presa da Aldeia, antigo ponto de encontro e elemento central da vivência comunitária. Atravessando o Bosque das Fontaínhas, o trilho leva-nos a um espaço de biodiversidade onde se encontra o Penedo Grande, uma laje de granito utilizada como eira coletiva, lugar de trabalho agrícola e de convívio social. À medida que o trilho sobe, o granito começa a dominar o cenário, com formações como a Penha do Grito, que ilustram a história geológica da região. No ponto mais alto das Fontaínhas, a 228 metros de altitude, abre-se uma vista ampla para as Senhoras do Monte e São Bento de Vizela.Seguindo em frente, o trilho cruza o Portelo de Cão, linha de cumeada que delimita as freguesias de Guardizela e Riba de Ave. Este é um ponto de fronteira mas também de encontro entre culturas e modos de vida partilhados. A descida leva-nos ao reencontro com a Ribeira de Guardizela, o rio Guarda, cuja presença é vital para os campos agrícolas e a biodiversidade local. Mais adiante, a antiga escola de Vila Verde de Alcindo Dias Pereira recorda o papel educativo e cívico da freguesia.O trilho passa por diversas quintas históricas: a Quinta do Pinheiro, com raízes medievais; a Quinta de Sacoto, já referida em 1178; a Quinta de Cutiães, com vestígios da ocupação romana; e o Bosque de Coteães, marcado pela resistência popular durante as invasões francesas. Também se destacam solares como a Casa do Carvalhal, a Casa de Vila Verde, com traços góticos e marcada por um incêndio, e a Quinta de Freixieiro, ligada ao Convento de Santa Clara e hoje reconvertida em alojamento turístico.O percurso termina junto à Igreja de Santa Maria, onde se encontra um relógio de sol em granito que, mais do que medir o tempo, simboliza a essência deste trilho: uma pausa para observar, contemplar e redescobrir o essencial através da luz da paisagem, da história e da natureza.

Pontos de interesse:

Ribeira de Guardizela

Guardizela é uma localidade com uma longa história e tradição rural, a ribeira de Guardizela (rio Guarda) faz parte do ecossistema local, contribuindo para a agricultura e as atividades que dependem da água, revela um importante suporte à biodiversidade, sendo parte integrante da paisagem natural deste território.

A Antiga Escola de Vila Verde de Alcindo Dias Pereira, em Guardizela foi uma escola primária que serviu a comunidade local, sendo “Alcindo Dias Pereira” uma figura local/benemérito da região, associada ao jornal Velha Guarda, identificado como órgão local do Partido Republicano Português (PRP). Onde desempenhou um papel ativo na promoção dos ideais republicanos em Guardizela e Guimarães.

Quinta do Pinheiro

Domus fortis ou casa acastelada do séc. XII ou XIII, adossada a uma torre de granito antiquíssima de 3 pisos, encerra no seu interior uma praça de armas e serviu de residência aos Senhores destes vales, sendo a quinta ao lado ainda hoje conhecida como a Quinta da Guarda, onde estaria alojada a guarda/milícia que em tempos medievais defenderia esta região.  Atualmente é uma versátil unidade agrícola biológica e um alojamento turístico.

Quinta de Sacoto

A Quinta de Sacoto localiza-se na extremidade nascente da freguesia de Guardizela, a referência mais antiga à quinta, data de julho de 1178. Esta, é atravessada pelo Caminho da Devesa. A propriedade, de grande extensão e de boa exposição solar, é composta por casa principal, palheiro, arrumo agrícola e sequeiro, com forte carácter agropecuário. A casa principal, em “L”, construída em granito, está voltada para o quinteiro onde ainda mantêm animais, principalmente gado bovino. O palheiro e o sequeiro, também em granito, servem de apoio às atividades agrícolas e de criação.

Bosque de Coteães (Carvalhal)

A 18 de março de 1809, durante a Segunda Invasão Francesa, as ordenanças de Guardizela e Serzedelo, lideradas pelo fidalgo de Pombeiro, atacaram uma companhia francesa isolada que se dirigia ao encontro do exército de Soult, que cercava o Porto. Apesar de contar com 25.000 homens, o exército de Soult não conseguiu dominar Portugal, enfrentando a feroz resistência popular. Os franceses apenas controlavam o solo que pisavam, deixando atrás de si, desordem, anarquia e o ódio de um povo revoltado contra a brutalidade dos invasores.

Quinta de Cutiães

A Quinta de Cutiães, localizada em Guardizela, Guimarães, é a mais antiga das nossas propriedades e a sua história é anterior à própria fundação de Portugal, remontando à altura da presença romana na Península Ibérica (Século I). Nesses tempos era uma aldeia fortificada, onde viviam representantes de Roma. Ainda hoje se pode verificar claramente indícios deste povo ao visitar a Quinta, tanto pela muralha que a rodeia como pelo número de casarios dentro desta com traços arquitetónicos típicos. Pertença da família do Comendador Vasco Faria há mais de 3 séculos, aqui foi construída a primeira adega que mais tarde foi transferida para a Quinta do Xisto.

Quinta do Carvalhal

A Casa do Carvalhal, datada de meados do século XVIII, localiza-se no centro da freguesia de Guardizela, no Lugar da Costeira, rodeada por áreas florestais e arruamentos. A casa principal, em granito e com dois pisos, tem forma em “U” fechado e destaca-se, pela torre a sul, de três andares, com elementos setecentistas como merlões e pináculos. A torre, de planta quadrada e fachada branca, é um marco paisagístico. A propriedade inclui ainda um edifício de apoio em “L”, situado no limite sul.

Quinta de Vila Verde

A Quinta e Casa de Vila Verde, está situada num sopé no limite da freguesia de Guardizela e onde começa Moreira de Cónegos. A sua construção é dos princípios do século XIX, e sua arquitetura, tem traços do gótico. Já nos fins do século XX passou por grandes obras de requalificação, devido a um grande incêndio. Habitada desde sempre por pessoas abastadas, esta é sem dúvida, mais uma relíquia entre muitas que existem em Guardizela.

Quinta de Freixieiro

A Quinta de Freixieiro, localizada em Guardizela, Guimarães, é uma propriedade com origens no século XVIII, ligada ao Convento de Santa Clara e à família do Conde de Vizela. Com cerca de 9 hectares, inclui jardins, vinhas e uma casa senhorial restaurada. Atualmente funciona como alojamento de charme, oferecendo tranquilidade, hospitalidade familiar e ligação com a natureza.

Relógio de Sol

Este relógio de sol em granito utiliza a luz solar para indicar as horas, projetando a sombra do gnómon (uma haste de ferro), sobre a superfície marcada com linhas horárias. O granito é um material resistente e duradouro, que garante a estabilidade e a precisão ao longo do tempo. A inclinação e orientação do gnomon são fulcrais para o bom funcionamento do relógio de sol, deve ser ajustado de acordo com a latitude do local. Este instrumento alia a funcionalidade, o valor histórico e o estético da Igreja de Santa Maria.

O fontanário da presa da Aldeia é um marco histórico e cultural situado no coração da freguesia, cuja história e tradição se entrelaçam com a vida dos habitantes locais. Esta fonte, além de ser uma importante fonte de água é um símbolo da herança comunitária e dedicação das gerações passadas.

A Penedo do Grito é um bloco granítico isolado de formação geológica, situada a meia encosta no Bosque de Fontaínhas, constituída por quartzo, mica, feldspatos e outros minerais, envolve a geração de magma e o seu arrefecimento lento. Observe, contemple a natureza estática e criativa deste ambiente.

Modificado a 08/11/2024 (anteriormente estava – Penha do Grito)

O Bosque das Fontaínhas é um pequeno refúgio de biodiversidade e um testemunho vivo da harmonia entre a natureza e o homem. O Penedo Grande situado no coração deste bosque ao longo dos séculos, foi usado como eira, fazendo parte da cultura e tradições desta freguesia.

No alto das Fontaínhas apresenta-se o ponto mais elevado, com uma altitude aproximada de 228 metros do nível do mar. Mais à esquerda podemos observar as Senhoras do Monte e São Bento de Vizela mais ao centro.

O sítio do Portelo de Cão constituí a divisória física entre as freguesias de Guardizela e Riba de Ave. É um local carregado de significado histórico e cultural, um testemunho da coexistência harmoniosa e das tradições partilhadas entre duas comunidades vizinhas.

Fotos: Paulo Castro